A morte, hoje, de Luiz Pacheco Drumond, presidente da Imperatriz Leopoldinense, conhecido há décadas no universo dos sambistas como Luizinho Drumond, nos leva a refletir sobre o fim de um ciclo na vida das escolas de samba do Rio de Janeiro. Ciclo cujo início se situa, tanto quanto posso ver, na figura de Natalino José do Nascimento, o Natal da Portela, e que hoje perde mais um de seus representantes.
Identificados com o autoritarismo e ligações nem sempre facilmente explicáveis com atividades ilícitas, esses homens, conhecidos como “patronos”, tiveram, no entanto, uma qualidade nada desprezível e hoje cada vez mais rara: amavam sinceramente o samba.
No caso específico de Luizinho, esse amor era suficiente para acolher até mesmo outras agremiações além da sua de coração. É sabido que muitas vezes ajudou o Império Serrano. Mas é de se notar que só o fez quando avaliou que o Império estava a merecer a ajuda. Pois, dotado de inteligência acima da média, sabia distinguir muito bem necessidade e oportunismo.
Luizinho tinha ainda a seu favor um senso de humor muito agudo. Lembro com saudade os debates de presidentes de escolas de samba promovidos pela TV Educativa – houve um tempo em que samba era reconhecido como cultura! – em que seu Luiz tinha sempre uma tirada engraçada, nem que fosse para encobrir manobras escusas e dribles ao regulamento. Fazia sim suas trapalhadas, mas é inegável que o fazia com graça.
Não teríamos saudades desse tempo se estivéssemos observando uma mudança positiva nesse universo. Não é o caso. Os problemas se perpetuam, a democracia interna ainda passa longe da maioria das escolas de samba. Mas a paixão pelo samba, que caracterizou essa geração de patronos, vai ficando para trás. Com Luizinho Drumond morre um pouquinho dessa controversa história.
(foto: Marcelo Theobald. Agência: O Globo)
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